No curioso edital de licitação, em que a outrora Prefeitura Municipal, hoje travestida de Caicó Eventos S/A, cede a Ilha de Santana à exploração de uma empresa e, ironicamente, ainda paga pelos shows, há uma nota que merece reflexão: uma lista de sugestões de atrações musicais que a empresa pode contratar — claro, com o ônus às expensas do município.
Dividem-se, com método quase científico, entre “atrações nacionais” e “atrações regionais”. Mas, ai de nós, é só o lixo da moda! Excetuando-se o honrado Flávio José, os analfabetos que dirigem a Caicó Eventos — seja lá que espíritos de porco sejam — não cogitam incluir um nome digno que eleve o espírito ou afague a alma. Apenas o indigesto cardápio da malfadada indústria cultural cearense, essa máquina de produzir ruídos inebriantes para mentes embriagadas, que, de tão destrutiva, arruinou a música nordestina.
E pasmem! Entre os nomes das “atrações nacionais”, lá está o ilustre dorminhoco Felipe Amorim, cujo talento parece residir, sobretudo, em inspirar bocejos e dor de ouvido.
Se a Caicó Eventos fosse uma prefeitura no pleno sentido da palavra, haveria de levar em conta o valor educacional da música. Mas, não, age como uma produtora de eventos para almas embotadas de um terceiro mundo inculto e resignado. Mas de prefeitura não se trata. É bom lembrar o caso recente: "restauraram" a Biblioteca Municipal com pompas e inauguração, e não tardou para que o teto desabasse, como uma metáfora cruel do desleixo e da soberba.
Outro dia, um gestor da Caicó Eventos ousou proclamar Caicó como “a cidade da cultura”. Cultura? Em uma terra onde boa parte da população sequer sabe ler? Ah, meu amigo, palavras vazias não enchem estômagos nem iluminam mentes.
E nem Zé Ramalho, vejam só, mereceu lugar na tal lista.
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