Tragédia que tirou a vida de 272 pessoas em 2019 expõe falhas do setor de mineração no Brasil e reforça necessidade de luta por justiça e memória.
No próximo dia 25 de janeiro, o Brasil relembra os seis anos do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), a maior tragédia socioambiental da história do país. O colapso interrompeu 272 vidas, destruiu ecossistemas inteiros e expôs as graves falhas de segurança e manutenção do modelo de mineração brasileiro. Apesar do tempo decorrido, a impunidade e o descaso persistem e as famílias das vítimas seguem lutando por justiça.
Impunidade e descaso
Exemplo emblemático do descaso à Justiça é nenhum envolvido ter sido julgado até o momento. Os responsáveis seguem impunes, enquanto as famílias enfrentam a dor da ausência e o descaso institucional.
“Seis anos depois, não há justiça, não há reparação, e o Brasil permanece refém de um modelo de mineração insustentável. Minha filha Camila, meu filho Luiz, minha nora Fernanda e meu neto Lorenzo tiveram suas vidas interrompidas por uma tragédia que podia ter sido evitada. Não se pode esquecer que vidas foram ceifadas por não terem valor diante da busca incessante por produtividade e lucro. É a memória deles e das demais vítimas que nos move a lutar cotidianamente para que nenhuma outra mãe passe pelo que eu e tantas outras estamos passando. Quantas vidas ainda precisarão ser cruelmente perdidas para que algo mude? A morte deles não pode ter sido em vão”, afirma Helena Taliberti, mãe de Camila e Luiz e fundadora do Instituto Camila e Luiz Taliberti.
O Instituto vem recolhendo apoio para o manifesto “Basta de Impunidade: Justiça por Brumadinho”, que já reúne mais de 127 mil assinaturas. O documento, que será apresentado às autoridades, exige celeridade nos processos judiciais e medidas concretas para garantir que tragédias como essa não se repitam.
Atos em memória e por justiça
“Os atos são indispensáveis para honrar a memória das 272 vítimas e fortalecer a luta por justiça. Cada intervenção, depoimento e momento de reflexão reforçam a importância de não deixar essa tragédia ser esquecida e de mobilizar a sociedade para exigir mudanças concretas no setor de mineração no Brasil. Poderia ter acontecido com qualquer um. Meus filhos estavam lá a passeio e morreram", comenta Helena.
Nos dias 25 e 26 de janeiro, o Instituto Camila e Luiz Taliberti promoverá e participará de uma série de eventos em memória das 272 vítimas:
- São Paulo (26/01): Na Avenida Paulista, acontecerá um ato público com intervenções artísticas, atividade para as crianças, distribuição de mudas de plantas, depoimentos de familiares e o toque da sirene às 12h28, horário exato do rompimento da barragem. Além da coleta de assinaturas para o Manifesto “Basta de Impunidade: Justiça por Brumadinho”. “É uma oportunidade de trazer a pauta para a cidade de São Paulo que, apesar de estar distante de Brumadinho, é o centro de muitas decisões no país”, explica Helena.
- Ouro Preto (25/01): O Museu da Inconfidência, que é palco da exposição “Paisagens Mineradas - Marcas no Corpo-Território”, traz uma programação especial com a exibição do documentário “Sociedade de Ferro”, de Eduardo Rajabally e da performance "Pedaços de chãos se movem com as águas", de Morgana Mafra
- Brumadinho (25/01): Na Praça das Joias acontece o ato em homenagem às vítimas e será inaugurado o Memorial de Brumadinho, um espaço dedicado à preservação da memória das vítimas e à reflexão sobre a tragédia.
O legado do Instituto Camila e Luiz Taliberti
Desde sua fundação, em 2019, o Instituto tem desempenhado um papel crucial na luta por justiça, memória e prevenção. Além de promover eventos, o Instituto mantém em seu site um acervo robusto de estudos acadêmicos e reportagens produzidas por veículos de imprensa profissional, que documentam a tragédia e suas repercussões até os dias de hoje.
O Instituto também realiza iniciativas culturais como exposições artísticas e mostras de filmes, que evidenciam os impactos sociais, econômicos e ambientais da mineração no Brasil. “Nossa missão é transformar a dor em ações concretas que preservem a memória das vítimas e evitem novas tragédias”, afirma Helena Taliberti.
Nenhum comentário:
Postar um comentário