O cineasta Carlos Diegues, um dos fundadores do Cinema Novo brasileiro e autor de filmes icônicos como “Ganga Zumba” e “Bye Bye Brasil”, faleceu hoje, aos 84 anos, no Rio de Janeiro.
De acordo com a TV Globo, Cacá Diegues – como era conhecido – morreu em decorrência de complicações relacionadas a uma cirurgia na próstata.
Nascido em 1940, em Maceió, Alagoas, Carlos Diegues foi um dos nomes centrais do Cinema Novo nos anos 1960, ao lado de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Joaquim Pedro de Andrade. Seu cinema combinava apelo popular com sofisticação artística, explorando temas sociais e culturais do Brasil.
“O cinema de Diegues consegue o raro feito de ser, ao mesmo tempo, popular e de empenho artístico, reflexivo e de encantamento. Artista militante e intelectual combativo, Carlos Diegues se opôs à ditadura militar no Brasil, o que o levou ao exílio”, destacou a Academia Brasileira de Letras, da qual tornou-se membro em 2018.
Entre suas primeiras obras, destacam-se “Ganga Zumba” (1963), considerado o primeiro filme brasileiro protagonizado por atores negros e que abordava a escravidão, “A Grande Cidade” (1966), sobre a imigração, e "Quando o Carnaval Chegar" (1972), rodado após seu período de exílio em Paris.
Os anos 1970 e 1980 marcaram um dos momentos mais bem-sucedidos de sua carreira, com filmes como “Xica da Silva” (1976), protagonizado por Zezé Motta, e "Bye Bye Brasil" (1980), com um elenco estrelado por José Wilker, Betty Faria e Fábio Jr.
Na década de 1990, Diegues adaptou para o cinema “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado, estrelado por Sônia Braga. Em 1999, dirigiu “Orfeu”, inspirado na peça "Orfeu da Conceição", de Vinicius de Moraes. Em 2002, lançou “Deus é Brasileiro”, baseado em um conto de João Ubaldo Ribeiro, com Antônio Fagundes como protagonista.
Seu cinema foi exibido em festivais internacionais renomados, como Cannes – onde também atuou como jurado –, Veneza, Berlim e Toronto. Em 1998, foi condecorado pelo governo francês com a Ordem das Artes e das Letras.
Outro destaque em sua filmografia é "5 X Favela, Agora por Nós Mesmos" (2010), que produziu e que foi escrito e dirigido por jovens cineastas moradores de favelas do Rio de Janeiro.
Um de seus últimos filmes foi “O Grande Circo Místico" (2018), baseado em um poema homônimo de Jorge de Lima, com coprodução portuguesa e filmagens em Portugal. O longa gerou polêmica devido ao uso de animais de circo.
Permanecendo inédito nos cinemas brasileiros, seu último projeto, "Deus Ainda É Brasileiro" (2023), também estrelado por Antônio Fagundes, ainda aguarda lançamento.
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