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sexta-feira, 14 de março de 2025

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Falas polêmicas de Lula apontam para a necessidade de diminuir improvisos

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Por Lilian Carvalho (*)


Indentemente do alinhamento ideológico e, até mesmo, da simpatia com a figura de Luiz Inácio Lula da Silva, é possível dizer que há um consenso de que o Presidente da República sempre teve o dom da palavra. Especialmente ao se comunicar com as grandes massas, seja pela sua origem ou por seus anos à frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Lula sempre “soube o que dizer” para a população, sendo a capacidade de improvisar discursos – muitas vezes efusivos – um de seus principais pontos fortes.

Agora, em 2025 e no penúltimo ano do seu terceiro mandato, o líder petista parece ter perdido a mão com esse, outrora, notável talento. A sua “escorregada” mais recente, ao destacar a aparência física da Ministra Gleisi Hoffman (PT), da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), como um dos motivos para sua escolha, deixando de lado a capacidade de organização política da ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, é um forte indício dessa perda. Afinal, nos últimos anos, pautas como a valorização e o respeito às mulheres, ações de combate ao machismo e a misoginia, entre outras questões envolvendo equidade de gênero, são corriqueiramente reivindicadas pela esquerda e, consequentemente, por Lula e seus pares. Não há, portanto, justificativas possíveis que “passem pano” para as falas do Presidente. Ele sabe bem o que diz e o peso de suas palavras. 

Poderíamos especular diversas teorias sobre o que vem motivando essa perda de tato com as palavras que, sim, causa um efeito bastante negativo ao Governo Federal. Afinal, as declarações controversas do presidente Lula tendem a capturar a atenção da mídia e do público, desviando o foco das ações e realizações da sua gestão, incluindo aquelas potencialmente positivas. 

Porém, mais urgente do que entender os motivos, é a necessidade de alinhamento de seus discursos, pois o País passa por problemas sérios que precisam de resolução. Deixá-los à margem de falas polêmicas pode afundar ainda mais o Brasil em crises. Inclusive, institucionais. 

Hoje, com a capacidade de qualquer pessoa filmar e compartilhar declarações controversas em tempo real, o presidente enfrenta um desafio significativo. Enquanto Lula é um líder com uma abordagem mais analógica, a comunicação atual é essencialmente digital. Isso limita o impacto da atuação de Sidônio Palmeira, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do Brasil, pois a comunicação do Governo precisa se adaptar a essa nova realidade.

Neste ponto, um caminho possível para Lula seria aceitar que sua espontaneidade, hoje, mais atrapalha do que ajuda. Implementar um planejamento mais rigoroso para as falas do presidente, minimizando a improvisação e garantindo que suas declarações estejam alinhadas com as políticas e ações do governo, talvez seja um bom começo.

Promover uma unificação do discurso entre os ministérios e aliados políticos, garantindo que as mensagens sejam coesas e consistentes, também pode fortalecer a imagem da atual gestão, que tanto “bateu cabeça” nos últimos dois anos. 

Aprimorar a presença nas redes sociais, utilizando-as para disseminar informações positivas e combater a desinformação, conforme proposto por Sidônio Palmeira, também deve ser levado em conta. No entanto, isso requer uma atualização significativa na abordagem do governo, que parece estar presa em um modelo ultrapassado. 

Essas estratégias podem ajudar a equilibrar o impacto das falas polêmicas e melhorar a percepção pública do governo Lula. Mas trata-se, agora, de uma corrida contra o tempo. Afinal, vale lembrar que, por outro lado, a direita sabe utilizar essas ferramentas com maestria. E 2026 já é logo ali!

(*) Lilian Carvalho é PhD em Marketing, coordenadora do Centro de Estudos em Marketing Digital da FGV/EAESP e fundadora da Método Lumière


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