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terça-feira, 18 de março de 2025

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Lula e sua reforma ministerial: Gleisi Hoffmann ganha protagonismo

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Rodrigo Augusto Prando, Professor e Pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Cientista Social, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Unesp.


Tomaram posse, recentemente, Gleisi Hoffmann e Alexandre Padilha, como novos ministros do Governo Lula, na Secretaria de Relações Institucionais e no Ministério da Saúde, respectivamente.
 

Gleisi assume o lugar de Padilha e, este, o ministério deixado por Nísia Trindade. Nesta reforma ministerial, Lula não faz uma mudança maciça e, ao que tudo indica, não avança nas concessões aos partidos aliados e suas escolhas recaem sobre aliados consolidados e de confiança.
 

Durante um dos momentos mais difíceis de Lula, com sua prisão, Gleisi manteve-se fiel e presidiu o PT por um período conturbado, inclusive na construção da chamada frente ampla, que permitiu a derrota de Bolsonaro e a vitória de Lula, em 2022.
 

Uma constante observação é que Gleisi apresenta um perfil assaz combativo e que pode promover uma guinada à esquerda e, com isso, afastar-se do centro político moderado e até mesmo do Centrão, que ocupa ministérios no atual governo. Um fato relevante é que muitos atores políticos têm assento no ministério de Lula, mas seus partidos, mesmo assim, não entregam o apoio necessário, com votos, à agenda do Planalto. Em um cenário como esse, fica mais claro o porquê Lula fortalece o PT e aliados históricos em detrimento de outros grupos políticos.
 

Hoje, temos Legislativo hipertrofiado, mais autônomo em relação ao Executivo, especialmente por conta do manejo de fatias substanciais do orçamento. Some-se a isso uma pedra no caminho da governabilidade e do projeto de reeleição de Lula: a inflação dos alimentos.
 

Na campanha eleitoral foi prometida picanha, contudo, o brasileiro tem tido dificuldade de comer ovos e tomar café. A desaprovação deste mandato é a pior na trajetória de Lula. Em um quadro como esse, Lula e o PT não podem dar-se ao luxo de ver segmentos do eleitorado que sempre votaram no partido mudarem de posição, como, por exemplo, os que ganham até dois salários mínimos e os que moram da região Nordeste.
 

Assim, a chegada de Gleisi pode significar uma percepção que as inflexões ao Centro podem não apenas não render votos, mas, também, perder eleitores de sua base social. Portanto, a nova ministra terá papel, obviamente, de construir a articulação política e o diálogo institucional, bem como preparar o governo, o partido e a militância para uma dura disputa eleitoral em 2026. Lembremo-nos que, em momento algum, Bolsonaro fez acenos à moderação e, cotidianamente, dobrava a aposta em seus confrontos e ataques e, desta forma, chegou em 2022 no segundo turno e foi derrotado por ínfima margem de votos por Lula. Numa sociedade politicamente polarizada ir ao centro pode implicar perda de identidade e derrota eleitoral.
 

Como dito, as pesquisas indicam crescente desaprovação de Lula e empoderar seu campo político – a esquerda, os progressistas – pode dar coesão à militância e revigorar o simbolismo de polarização com o bolsonarismo. É certo que, na condição de titular da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi terá funções no âmbito governamental, todavia, seu DNA é combativo, de deputada e quadro aguerrida do partido. Isso, inclusive, poderá afastar partidos e atores políticos que, hoje, estão na base do governo, mas numa fria análise, estes partidos e atores estão presentes, com cargos, poder simbólico, recursos e tem entregado pouco ao Planalto.
 

Aguardemos para analisar os primeiros movimentos da nova ministra e, depois, avaliar se suas ações serão ou não positivas para o governo e para o projeto de reeleição de Lula.

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