Tatiane Brazilio - Rodrigo Leal |
Tatiane Brazilio*
O racismo no futebol reflete um problema estrutural da sociedade, exigindo respostas concretas de todas as instituições envolvidas. Recentemente, Luighi Hanri Sousa, jovem jogador do Palmeiras, foi alvo de insultos racistas e agressões durante uma partida da Libertadores Sub-20, contra o Cerro Porteño. O impacto desse tipo de violência vai muito além do campo e reforça a urgência de ações efetivas para combater a discriminação.
As punições impostas pela CONMEBOL, como a multa de 50 mil dólares ao Cerro Porteño, a obrigação de campanhas educativas e jogos com portões fechados são um passo, mas ainda insuficientes. O combate ao racismo exige mais do que sanções esporádicas; é necessário um compromisso institucional contínuo. Clubes, federações e entidades esportivas devem adotar políticas estruturadas, promovendo ações preventivas e educativas.
Nesse contexto, o papel do setor de Recursos Humanos torna-se essencial. O RH nos clubes e organizações esportivas deve atuar na construção de um ambiente diverso e seguro, garantindo treinamentos frequentes sobre diversidade, inclusão e combate ao racismo. Além disso, é imprescindível estabelecer canais eficazes de denúncia e protocolos claros para lidar com esses casos de forma ágil e rigorosa. Ações preventivas, como a capacitação de atletas, comissão técnica e funcionários, são fundamentais para transformar a cultura organizacional do esporte.
Outro ponto crucial é a responsabilidade social das instituições esportivas. O futebol tem um alcance imenso e pode ser uma ferramenta poderosa de conscientização. Clubes devem ir além das campanhas publicitárias e investir em iniciativas educacionais de longo prazo, tanto para suas equipes quanto para as torcidas. Além disso, parcerias com organizações que atuam no combate ao racismo podem fortalecer essa luta e ampliar seu impacto.
O Palmeiras, ao exigir providências concretas, e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), ao criticar a decisão branda da CONMEBOL, demonstraram que entidades esportivas podem e devem cobrar mudanças estruturais. O silêncio e a omissão apenas perpetuam a violência. Se um jovem negro sai de campo chorando após ser humilhado, a questão que se impõe é: até quando?
O racismo não pode ser tratado como algo menor ou pontual. Ele precisa ser combatido todos os dias, dentro e fora dos estádios, por meio de uma atuação firme e estruturada de todas as partes envolvidas. Recursos Humanos, clubes e sociedade precisam agir juntos para transformar o futebol em um espaço verdadeiramente inclusivo e respeitoso.
* Tatiane Brazilio, especialista em MBA em Desenvolvimento Humano para Estratégia e Inovação e professora nos cursos de pós-graduação em Recursos Humanos do Centro Universitário Internacional Uninter.
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