Brasil desperdiça 6 mil piscinas olímpicas de água tratada por dia em cenário de crescentes desafios climáticos - Blog A CRÍTICA

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segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Brasil desperdiça 6 mil piscinas olímpicas de água tratada por dia em cenário de crescentes desafios climáticos

  • O volume total de água não faturada em 2023, aproximadamente 5,8 bilhões de m³, equivale ao desperdício diário de 6.346 piscinas olímpicas de água tratada ou ao conteúdo de 21.153.224 caixas d’água domésticas, cada uma capaz de atender uma família de 5 pessoas durante um dia;
  • Em ano de crise hídrica, considerando-se somente as perdas com vazamentos, o volume perdido de mais de 3 bilhões de m³ seria o suficiente para abastecer aproximadamente 50 milhões de brasileiros em um ano. O volume poderia abastecer toda a população da Espanha;
  • Com esse mesmo volume seria possível abastecer os 17,2 milhões de brasileiros que vivem em comunidades vulneráveis por quase dois anos;
  • Redução dos atuais 40,31% aos 25% previstos pela Portaria 490/2021, economizaria 1,9 bilhão de m3 de água, o equivalente ao consumo médio de aproximadamente 31 milhões de brasileiros em um ano, 92% da quantidade de habitantes sem acesso ao abastecimento de água em 2023;
  • Norte (49,78%) e Nordeste (46,25%) são as regiões com os maiores índices de perdas na distribuição;
  • Alagoas (69,86%), Roraima (62,51%) e Acre (62,25%) são os estados que mais perdem água na distribuição;
  • 13 dentre os 100 municípios mais populosos do Brasil atendem às metas de até 25% em perdas na distribuição e 216 L/ligação/dia em perdas por ligação. Dentre eles Santos (SP), Duque de Caxias (RJ), Goiânia (GO), Maringá (PR) e Teresina (PI);

 

Tânia rego/Agência Brasil 


Novembro de 2025 – No dia do Rio, 24 de novembro, o Instituto Trata Brasil (ITB), organização da sociedade civil que busca a universalização do saneamento no país, em parceria com a consultoria GO Associados, publica o “Estudo de Perdas de Água 2025 (SINISA, 2023): Desafios na Eficiência do Saneamento Básico no Brasil”, que procura expor o grande problema ambiental, econômico e social da ineficiência no controle de perdas de água em nosso país. Em meio ao avanço das mudanças climáticas e ao agravamento das secas e dos eventos extremos, o país desperdiça 40,31% da água tratada antes mesmo que ela chegue às torneiras. Levantamento mostra que as perdas nas redes somam 5,8 bilhões de m³ por ano — volume que poderia abastecer cerca de 50 milhões de pessoas — e expõem a fragilidade dos rios e mananciais em um cenário ambiental cada vez mais crítico.


O estudo foi elaborado a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA, ano-base 2023) e compreende uma análise do Brasil, de suas cinco macrorregiões, das 27 Unidades da Federação e também dos 100 municípios mais populosos do país (incluindo as capitais dos estados), que figuraram no Ranking do Saneamento de 2025. No Brasil, ainda existem cerca de 34 milhões de pessoas que sofrem com a ausência de água tratada.


O balanço hídrico apurado com base nos dados do SINISA (2023) é apresentado no Quadro 1. Esses valores serão utilizados como referência para as projeções.


Quadro 1 – Balanço Hídrico (1.000m³) – Brasil (2023)

Fonte: SINISA (2023). Elaboração: GO Associados


É necessária maior eficiência no controle de perdas de água. O volume total de água não faturada (consumida sem autorização ou perdida antes de chegar ao consumidor) em 2023 (cerca de 5,8 bilhões de m³) equivale a 6.346 piscinas olímpicas de água tratada ou 21.153.224 caixas d’água[1] para uma família de 5 pessoas desperdiçadas diariamente.


O QUE É PERDA DE ÁGUA?


No processo de abastecimento de água, podem ocorrer perdas por vários motivos, como vazamentos, erros de medição e consumos não autorizados. Esses desperdícios trazem impactos negativos ao meio ambiente, à receita e aos custos de produção das empresas, o que deixa mais caro o sistema como um todo, prejudicando, em última instância, todos os usuários.


Então o ideal seria termos zero de perdas de água? Apesar da resposta ser sim, de acordo com a literatura sobre o tema, não ter perdas no sistema é algo inviável por limites econômicos (em determinado ponto, o custo fica superior ao do volume recuperado) e limites técnicos (existe um volume mínimo de perdas dadas as tecnologias atuais de materiais, ferramentas e logística).


No Brasil, a definição de nível aceitável de perdas de água foi definida pela Portaria 490/2021, do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), que indica que para um município contar com níveis excelentes de perdas, deve ter no máximo 25% em perdas na distribuição e 216 L/ligação/dia até 2034.


IMPACTO DAS PERDAS DE ÁGUA NO BRASIL


Para entender o impacto do controle de perdas, considerando-se somente as perdas físicas (como, por exemplo, os vazamentos), o volume (mais de 3 bilhões de m³) seria suficiente para abastecer aproximadamente 50 milhões de brasileiros em um ano. Esta quantidade não somente equivale a quase um quarto da população do país em 2023, como também está acima do número de habitantes sem acesso ao abastecimento de água nesse ano, cerca de 34 milhões.


Além disso, com esse mesmo volume, seria possível abastecer os 17,2 milhões de brasileiros que vivem em comunidades vulneráveis por quase dois anos. Ao meio ambiente, a redução dessas perdas implicaria a disponibilidade de mais recurso hídrico para a população sem a necessidade de captação de água em novos mananciais.


Com o cenário de mudanças climáticas, os desafios para a disponibilidade hídrica nos mananciais se tornam cada vez mais evidentes. As perdas reais afetam diretamente os custos de produção e a demanda por água. Neste sentido, um elevado nível destas perdas equivale a uma captação e a uma produção superiores ao volume efetivamente demandado, gerando as seguintes ineficiências:


Desequilíbrios na produção de água:


  • Maior custo dos insumos químicos, energia para bombeamento, entre outros fatores de produção;
  • Maior custo de manutenção da rede e de equipamentos;
  • Uso excessivo da capacidade de produção e de distribuição existente; e
  • Maior custo oriundo da possível utilização de fontes de abastecimento alternativas de menor qualidade ou de difícil acesso.


Desequilíbrios ambientais:


  • Pressão excessiva sobre as fontes de abastecimento do recurso hídrico, uma vez que se capta mais água do que efetivamente chega à população; e
  • Maior custo posterior para mitigação dos impactos negativos dessa atividade (externalidades).

 

BENEFÍCIOS SOCIAIS COM A REDUÇÃO DE PERDAS


O Quadro 2 a seguir aponta as principais estatísticas descritivas a partir da redução de perdas, desagregadas por estado. Ao se admitir não uma eliminação total das perdas físicas, mas uma redução dos atuais 40,31% aos 25% previstos pela Portaria 490/2021, o volume economizado seria da ordem de 1,9 bilhão de m3. Isso equivale ao consumo médio do recurso de aproximadamente 31 milhões de brasileiros em um ano, 92% da quantidade de habitantes sem acesso ao abastecimento de água em 2023.


Quadro 2 – Benefícios sociais da redução de perdas por estado em 2023

Fonte: SINISA (2023). Elaboração: GO Associados. Nota: a população potencialmente atendida é calculada considerando-se somente as perdas físicas, e sua redução até a meta de 25% da Portaria 490/2021. Nota (2): para o caso do Amapá não foi calculado o benefício da redução das perdas, uma vez que o índice de perdas no faturamento para o estado foi negativo.


CENÁRIO NACIONAL DE PERDAS NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS


Indicador mais comumente utilizado para a análise geral de perdas no país, o Índice de Perdas na Distribuição busca estabelecer uma relação entre a água produzida e a água efetivamente consumida nas residências. Considerando os últimos cinco anos, o valor de 2023, de 40,31%, é superior ao de 2019, de 39,24%, valor significativamente superior à meta de 25%. 


Quadro 3 – Evolução das Perdas na Distribuição no Brasil, 2019–2023

Fontes: SNIS (2022); SINISA (2023). Elaboração: GO Associados. Obs: A evolução histórica deve ser analisada com cautela, uma vez que existem diferenças metodológicas no indicador, a partir de 2023[2]


CENÁRIO INTERNACIONAL


No cenário internacional, para efeito de comparação do indicador de perdas brasileiro com o de outros países, a fonte utilizada é a International Benchmarking Network for Water and Sanitation Utilities (IBNET)[3]. Para fins de comparação, no caso brasileiro, foi considerado o IAG2013 – Índice de Perdas na Distribuição do SINISA de 2023, no valor de 40,31%.


Observa-se que o Brasil está distante tanto de países desenvolvidos, como de seus pares em desenvolvimento. O país obteve a 86ª posição no ordenamento das 139 nações analisadas, ficando atrás da China de 2012, com 20,54%, da Rússia de 2020, com 26,59%, e da África do Sul de 2017, com 33,73%.


RECORTE POR REGIÃO


A situação de perdas no Brasil apresenta significativas diferenças quando se comparam suas diversas macrorregiões. É possível concluir que Norte e Nordeste são as mais carentes e que devem enfrentar os maiores desafios para reduzirem seus índices de perdas. Além disso, essas regiões também são aquelas que possuem os piores indicadores de atendimento de água, de coleta e de tratamento de esgotos.


Quadro 4 – Perdas na Distribuição por Macrorregião Brasileira, 2023

Fonte: SINISA (2023). Elaboração: GO Associados


De 2019 a 2023, como é possível observar no Quadro 5, a macrorregião que mais apresentou piora foi a Sudeste, com aumento de 2,50 pontos percentuais. Por outro lado, observa-se notável melhora na macrorregião Norte, com redução de 5,43 pontos percentuais no mesmo período.


Quadro 5 – Evolução das Perdas na Distribuição por Macrorregião

Fontes: SNIS (2022); SINISA (2023). Elaboração: GO Associados. Obs: A evolução histórica deve ser analisada com cautela, uma vez que existem diferenças metodológicas no indicador, a partir de 2023[4]


RECORTE DE INDICADORES POR ESTADO


A análise comparativa dos indicadores estaduais de perdas na distribuição evidencia a variação do desempenho entre as unidades federativas, identificando padrões regionais, diferenças estruturais entre os sistemas de abastecimento e potenciais implicações para a eficiência operacional dos prestadores. A leitura do indicador permite uma compreensão mais abrangente do estágio de controle de perdas no país.


Quadro 6 – Perdas na Distribuição por Estado, 2023


Fonte: SINISA (2023). Elaboração: GO Associados.


A análise mostra um padrão de maior ineficiência concentrado principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Estados como Alagoas (69,86%), Roraima (62,51%), Acre (62,25%) e Pará (58,71%) apresentam níveis de perdas superiores a 55% do volume distribuído, significativamente acima da média nacional (40,31%). Por outro lado, estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país, como Goiás (25,68%), Distrito Federal (31,46%), São Paulo (32,66%) e Paraná (33,11%) registram indicadores inferiores a 35%. Neste indicador, merece destaque o estado do Tocantins, com a segunda menor média entre as unidades da federação para este indicador (30,96%).


RECORTE PARA OS 100 MAIORES MUNICÍPIOS BRASILEIROS


A média dos 100 maiores municípios no índice de perdas de água na distribuição foi de 31,09%, o que representa uma melhora em relação aos 35,04% computados em 2022. Os pontos de mínimo e máximo correspondem, respectivamente aos municípios de Suzano (SP), com 0,88%, e Maceió (AL), com 71,73%. O valor também é inferior à média nacional de 40,31%. Entretanto, o índice continua distante dos padrões de excelência estabelecidos pela Portaria 490/2021.Para os municípios que foram considerados excelentes (cumprindo o estabelecido pela Portaria), destaque para Suzano (SP), Santos (SP) e Duque de Caxias (RJ).


DESTAQUES MUNICIPAIS POSITIVOS E NEGATIVOS EM PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO


Dentre os 100 municípios mais populosos do Brasil em 2023, 21 possuem níveis de perdas na distribuição menores que 25% (valores considerados como adequados). Os dados mostram ainda que 14 municípios têm perdas na distribuição superiores a 50%, assim existindo grande potencial de redução de perdas de água na distribuição.


Quadro 7 – Melhores e Piores Índices de Perdas na Distribuição


Fonte: SINISA (2023). Elaboração: GO Associados


A análise dos extremos do indicador evidencia uma forte concentração dos melhores desempenhos nos estados do Sudeste, com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro, que juntos concentram 11 dos 20 municípios com menores índices de perdas na distribuição. Municípios como Suzano (0,88%), Nova Iguaçu (1,89%) e Santos (7,18%) apresentam níveis significativamente inferiores à média nacional, ainda que para os dois primeiros este baixo indicador esteja relacionado ao volume de água exportada pelos municípios, variável redutora do denominador do cálculo do indicador de perdas na distribuição[5].


Por outro lado, os municípios com piores resultados estão majoritariamente localizados nas regiões Norte e Nordeste, com destaque para Belém (61,91%), Rio Branco (56,06%) e Maceió (71,73%), além de capitais do Centro-Oeste e do Sudeste que também registram perdas elevadas, como Cuiabá (55,49%) e Betim (54,39%). Observa-se ainda que, dos 100 municípios avaliados, apenas 21 possuem perdas inferiores a 25%, enquanto 14 apresentam valores superiores a 50%, o que demonstra elevada heterogeneidade no desempenho operacional dos sistemas e indica amplo potencial de redução de perdas em parte significativa do território nacional.


MUNICÍPIOS NOS PADRÕES DE EXCELÊNCIA


Conforme a já mencionada Portaria 490/2021 do MDR, são considerados excelentes os municípios que contam com até 25% em perdas na distribuição e de 216 L/ligação/dia em perdas por ligação.


Quadro 8 – Municípios com Padrões de Excelência em Perdas de Água


Fonte: SINISA (2023). Elaboração: GO Associados


Treze dentre os 100 municípios mais populosos do Brasil em 2023 atendiam às metas da Portaria 490/2021 simultaneamente, indicando haver um longo caminho a ser percorrido na busca pela redução das perdas de água.


RECORTE PARA AS CAPITAIS BRASILEIRAS


No índice de perdas na distribuição, apenas duas das 27 capitais apresentaram valores inferiores à meta de 25%, Teresina (PI) e Goiânia (GO). O indicador médio do grupo foi de 39,52%, ainda distante da meta de 25%, regulamentada pela Portaria 490/2021.


Quadro 9 – Principais Indicadores de Perdas de Água das Capitais Brasileiras


Fonte: SINISA (2023). Elaboração: GO Associados. Nota: a população potencialmente atendida é calculada considerando-se somente as perdas físicas, e uma redução do IAG2013 – Índice de Perdas na Distribuição até a meta de 25% da Portaria 490/2021


Em termos volumétricos, esses municípios perdem 2,71 bilhões de m³ de água todos os anos, dos quais estimam-se que 1,08 bilhão de m³ (40%) seja de perdas comerciais e 1,62 bilhão de m³ (60%) seja de perdas físicas. Considerando-se somente estas últimas, elas correspondem a 1.800 piscinas olímpicas[6], ou a mais de 6 milhões de caixas d’água suficientes para atendar a uma família de 5 pessoas por 24 horas[7], de água tratada perdida nas capitais.


Finalmente, em termos populacionais, considerando-se novamente somente as perdas físicas e uma redução do Índice de Perdas na Distribuição dos níveis de 2023 até a meta de 25%, espera-se um ganho de disponibilidade hídrica suficiente para abastecer mais de 8 milhões de habitantes nas capitais (considerando o consumo per capita médio reportado no SINISA do mesmo ano). Quando adicionadas às populações atualmente já atendidas, essa soma ultrapassa 99% da população em 21 das 27 capitais. Tal resultado reforça a importância da redução de perdas, visto que com os volumes produzidos já é possível universalizar o abastecimento para todos os habitantes sem acesso à água potável atualmente nas capitais brasileiras.


GANHOS ECONÔMICOS COM A REDUÇÃO DAS PERDAS DE ÁGUA POTÁVEL


Para calcular os ganhos econômicos ao país pela redução de perdas, o estudo apresentou uma análise de três cenários: o otimista, o realista e o pessimista. Cada um deles responde à média nacional do nível de perdas a ser alcançada em 2034: 15% (cenário otimista), 25% (cenário realista) e 35% (cenário pessimista).


Quadro 10 – Sumário dos Impactos de Redução das Perdas

Fonte: SINISA (2023). Elaboração: GO Associados.


No Cenário Realista, é possível constatar que existe um potencial de ganhos brutos com a redução de perdas de água de R$ 34,6 bilhões até 2034. Caso sejam considerados os investimentos necessários para a redução de perdas, o benefício líquido gerado pela redução é da ordem de R$ 17,3 bilhões em 10 anos.


CONCLUSÃO


A universalização do saneamento básico está intimamente ligada aos esforços para aumentar a eficiência no controle e na redução de perdas de água. É imprescindível combater as perdas de água para que, por meio de sistemas de distribuição de água eficientes, possa-se garantir o acesso pleno a esse recurso vital para todos os brasileiros.


Os efeitos das mudanças climáticas são uma realidade vivida no país, refletindo-se em impactos diretos no acesso à água potável. Reduzir as perdas significaria aumentar a disponibilidade de recursos hídricos no sistema de distribuição sem a necessidade de aumentar o volume de água captado e de explorar novos mananciais, o que resulta em menores custos e evita prejudicar o meio ambiente. É necessário priorizar a redução de perdas de água, com a implementação de programas que unam maior eficiência e inovação e, consequentemente, acelerar o ritmo dos investimentos para atingirmos a meta estabelecida pela Portaria 490/2021 de se alcançar 25% em perdas na distribuição até o ano de 2034.


“Ainda vemos um progresso tímido nos índices de redução de perdas de água, enquanto milhões de brasileiros continuam sem acesso regular e de qualidade à água potável, fundamental para uma vida digna. Perdemos diariamente mais de 6,3 mil piscinas de água potável, um exemplo alarmante de ineficiência. Além de comprometer o suprimento de água para a população, esse volume perdido provoca impactos ambientais severos, especialmente em um cenário onde o Brasil já sente os crescentes efeitos das mudanças climáticas.


Eventos como secas intensas, alterações nas chuvas e calor extremo têm agravado a escassez hídrica, afetando nossos rios e desafiando a capacidade do país em garantir o fornecimento de água para todos. Há previsão de 3,4% da restrição da oferta de água em nossos rios na média por ano. Investir na redução de perdas de água e na modernização da infraestrutura hídrica não é apenas necessário, mas urgente, tanto para mitigar os efeitos das mudanças climáticas quanto para assegurar o uso sustentável de nossos recursos naturais"– analisa Luana Pretto, Presidente Executiva do Trata Brasil.


“O Estudo de Perdas de Água de 2025, elaborado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados, evidencia que a desigualdade regional também se expressa na eficiência dos sistemas de abastecimento. Os piores indicadores estão concentrados justamente nas localidades com menor capacidade de investimento e maior vulnerabilidade institucional. Esse quadro tende a se agravar em um contexto de mudanças climáticas, tema central nos debates da COP-30, em que regiões com menos recursos são também as mais expostas aos eventos extremos e à escassez hídrica. Reduzir perdas de água não é apenas uma agenda de eficiência operacional, mas uma medida de adaptação climática. Como demonstram os cálculos do estudo, alcançar os patamares regulatórios previstos até 2033 pode gerar benefícios líquidos da ordem de R$ 17 bilhões — recursos que reforçam a resiliência dos municípios ao mesmo tempo em que ampliam a disponibilidade de água em um cenário cada vez mais desafiador” – comenta o Professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EAESP-FGV) e Sócio-Executivo da GO Associados, Gesner Oliveira.


 


Sobre o Instituto Trata Brasil


O Instituto Trata Brasil (ITB) é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Públ


ico (OSCIP) que surgiu em 2007 com foco nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país. Tornou-se uma fonte de informação ao cidadão para que reivindique a universalização deste serviço mais básico e essencial para qualquer nação. O ITB produz estudos, pesquisas e projetos sociais visando conscientizar o cidadão comum do problema e, ao mesmo tempo, pressionar pela solução nos três níveis de governo. A proposta é que todos conheçam a realidade do acesso à água tratada, coleta e tratamento dos esgotos e busquem avanços mais rápidos. Para mais informações, acesse.



Notas:

[1] Como referência, foi considerada uma caixa d’água com capacidade para 750 litros.

[2] Para mais informações consulte a subseção 3.3. do estudo completo. Disponível em: Link 

[3] Vale destacar que a periodicidade dos dados disponíveis varia bastante entre os países.

[4] Para mais informações consulte a subseção 3.3. do estudo completo. Disponível em: Link 

[5] 370.630 mil m3/ano de água exportada em um total de 392.046 mil m3/ano de água produzida no caso de Suzano, e 1.312.877 mil m3/ano de água exportada em um total de 1.395.282 mil m3/ano de água produzida no caso de Nova Iguaçu.

[7] Como referência, foi considerada uma caixa d’água com capacidade para 750 litros

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