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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Bradley Manning: Pedido de desculpas se deu através da tortura

Os jornais informam que Bradley Manning fez esta quinta uma declaração de arrependimento, em audiência para sentença, em Fort Meade, Maryland. A declaração de Manning surge no fim de um tribunal marcial, no qual os procuradores atuaram com fúria sem precedentes. Por Wikileaks
Bradley Manning
Os jornais informam que Bradley Manning fez hoje uma declaração de arrependimento, em audiência para sentença, em Fort Meade, Maryland. A declaração de Manning surge no fim de um tribunal marcial, no qual os procuradores atuaram com fúria sem precedentes.
Desde que foi preso, o Sr. Manning tem sido exemplo de resistência e coragem ante a adversidade. Resistiu sempre a pressões extraordinárias. Sobreviveu à prisão em cela solitária, nu e submetido a tratamento cruel, desumano e degradante, pelo governo dos EUA. Ignorou-se o seu direito constitucional a julgamento rápido. Está preso há três anos, sob condições ilegais de prisão, enquanto o governo arrebanhava 141 testemunhas e ocultava os milhares de documentos aos quais os advogados da defesa não tiveram acesso.
O governo negou-lhe o direito de construir defesa básica de whistleblower [alertador]. Foi indevidamente acusado, até que se viu ante a iminência de ser condenado a um século de cadeia, tendo tido impedidas praticamente todas as suas testemunhas, exceto umas poucas. Negaram-lhe o direito de declarar em sua defesa, no julgamento, que os atos de que era acusado não provocaram dano algum. Seus advogados foram preventivamente impedidos de falar das intenções do acusado e de provar que suas ações não prejudicaram ninguém.
Apesar de todos esses obstáculos, o Sr. Manning e sua equipe de defesa lutaram passo a passo a luta que lhes foi imposta. Mês passado, foi condenado a penas que chegavam a 90 anos de prisão. O governo dos EUA admitiu que suas ações não feriram fisicamente ninguém; e foi absolvido da acusação de “ajudar o inimigo”. Suas condenações só têm a ver com a suposta decisão de informar a opinião pública sobre crimes de guerra e a prática sistemática de atos injustos.
Mas, afinal, se esgotaram as opções para o Sr. Manning. A única moeda que esse tribunal militar aceitaria seria a humilhação. À luz disso, a decisão forçada do Sr. Manning, de pedir desculpas ao governo dos EUA, na esperança de reduzir uma década ou mais em sua sentença, tem de ser vista com compaixão e compreensão.
As desculpas foram declaração arrancada dele, depois de longo massacre a que foi submetido sob o peso do sistema militar judicial dos EUA. Foram necessários três anos e milhões de dólares, para extrair dois minutos de remorso tático desse homem valente.
As desculpas foram extraídas à força de Bradley Manning. Num tribunal justo, o governo dos EUA pediria desculpas a Bradley Manning. Como o atesta a sua indicação ao Prêmio Nobel da Paz, já com mais de 100 mil assinaturas, Bradley Manning mudou o mundo para melhor. E ele permanece, como símbolo de coragem e de resistência humanitária.
As desculpas do Sr. Manning mostram que, no que tenha a ver com sua sentença, ainda há décadas pelas quais lutar.
Nesses dias finais, é preciso intensificar a pressão pública contra o tribunal militar que julga Bradley Manning, antes de que se consuma a decisão sobre a sentença que terá de cumprir.
WikiLeaks continua a apoiar Bradley Manning e manterá a campanha, até que seja posto em liberdade, sem condições.

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