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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Não podemos ser... mas não podemos esquecer

São mais de 50 mil vítimas de homicídios por ano no Brasil, um total comparável a de boa parte das médias cidades do interior do país desaparece, isso somado aos acidentes de trânsito dão uma dimensão que nos deixa incapazes de qualquer estimativa real em nossas mentes do grau do problema social.

Na década analisada (2002-2012), morreram, no Brasil, nem mais, nem menos: 556 mil cidadãos vítimas de homicídio, quantitativo que excede, largamente, o número de mortes da maioria dos conflitos armados registrados no mundo. (Mapa da Violência)

Não dá pra prestar honras e clamar por justiça para cada uma dessas vítimas que se tornam estimativas nos estudos comparativos que medem como o Brasil vai se tornando cada vez mais violento  a partir da década de 1980.

Quando as sociedades fazem uma transição essa fase costuma sempre ser dolorida e conturbada; não é diferente a passagem d  via rural para a urbana  e muito menos num país que sempre fora como disse Hobsbawn, um monumento de injustiça social. 

Naquele domingo de sol, conforme lembrou Machado de Assis, libertou-se os escravos mas deixou-se para lá a outra parte do projeto que tratava da distribuição de terras às margens das rodovias para os ex-cativos.

O progresso econômico-industrial concentrado deslocara multidões em busca de trabalho no Sudeste; uma elite caricata, conforme também via Machado de Assis e como descreveu em forma de romance brilhantemente João Ubaldo Ribeiro, em Viva o Povo Brasileiro. É claro que tem o lado "d casa", da cultura, do anti-espírito capitalista, mas evidentemente, ninguém escolhe passar fome.

Mas como dizia não podemos ser todas essas vítimas, muitas delas anônimas para nós, menos para os familiares, como pudemos ser todos Charlie; é diferente, não dá pra comparar, assim como não dá pra comparar  execução do brasileiro condenado por tráfico na Indonésia como essa violência que assola o Brasil, falar de uma coisa não significa exatamente esquecer a outra.

De forma normal podemos sentir medo de sermos baleados ou assaltados, evidentemente, ninguém pode se escusar de tal cenário; não dá pra isolar o problema em um local afastado.

Agora, não podemos deixar de lado esse assunto que não se resolve de forma tão fácil e rápida, final 50 mil vidas ceifadas não é algo que se possa observar com serena tranquilidade.

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