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sábado, 24 de janeiro de 2015

O maior pacote de estímulo de todos os tempos pode inviabilizar o euro

Artigo de Marco Antonio Moreno -El Blog Salmón

É o maior pacote de estímulo já visto em toda esta crise financeira que começou em 2008: 1.1 Trilhões de euros (€ 1100000000000) equivale a compras de 60 bilhões de euros por mês até setembro de 2016, 10 bilhões de euros a mais do que o anteriormente previsto. Isso indica que o plano de Mario Draghi superou todas as expectativas e os investidores que gostam de apostas especulativas começaram a esfregar as mãos. Sem embargo, as restrições severas impostas pela Alemanha podem fazer dar em nada o plano de estímulo  e levar ao colapso da moeda única. 

banco-central-europeo.jpgCom esta enorme enxurrada de dinheiro barato o BCE visa combater pressões deflacionárias na área do euro já que a inflação entrou novamente na zona negativa. Embora os preços das matérias-primas continuem a diminuir, as taxas de juros permanecem em níveis historicamente baixos e a economia ainda não atingiu os níveis de produção de 2007, a deflação continua raivosa sem que nada nem ninguém preste atenção a ela. A deflação é um perigo monstruoso que até agora tem sido minimizado com a cegueira da troika. Assim, o plano Mario Draghi tem um substrato que o faz com que seja necessário. Mas isso não serve de nada.


Ao contrário do que se poderia pensar, não há nenhuma mudança real na política deste QE Europeu. A austeridade e os ajustes orçamentários continuam a reinar, em contradição direta com a flexibilização quantitativa. Isto é, uma vez mais, se busca promover o sistema e os especuladores financeiros, e não a economia produtiva. Esta é a razão para a subida com força dos índices de ações: Dow Jones, FTSE, DAX e todos os outros subiram após o anúncio de Draghi.

Incubando a dissolução do euro

É a boa impressão do plano que confunde as coisas. Este plano tem sérias restrições e a principal é que as compras de títulos serão realizadas por bancos centrais de cada país e serão os bancos centrais de cada país que suportarão os riscos. Este plano não tem nada de solidário dado que a Alemanha foi capaz de impor os seus termos. Portanto, longe de reforçar a União Europeia e dar sinais de apoio, o novo plano marca as diferenças e restaura a ordem de países e as nacionalidades. Curiosamente, restaura os bancos centrais de cada país, que haviam desaparecido de cena após a criação da moeda única.
Isso indica que o novo dinheiro criado pelo BCE não poderá ser utilizado para as políticas públicas de apoio à economia, porque os governos não terão direito a endividamento. "Seria um erro grave ver este plano de flexibilização quantitativa incentivos para as políticas orçamentais expansionistas. Os governos devem fazer as reformas estruturais necessárias e implementá-las", disse Mario Draghi, de acordo com o script desenhado por Angela Merkel.
Portanto, este QE do BCE não muda nada. A austeridade tem sido imposta por decreto e sempre será necessária, exceto para os bancos e instituições financeiras. A Alemanha tem ganhado e não há nenhuma tentativa de avançar para uma mutualização da dívida que permita à toda a Europa partilhar os custos da crise. Isso introduz o perigo de aumentar as divisões nacionais e minar o princípio de que o BCE atua no interesse de toda a Zona do Euro como um todo. O plano de QE na forma como foi concebido não estabelece a consolidação da moeda única, a longo prazo. Em vez disso coloca em pasta os princípios da sua dissolução.

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