Quebra do consumo por via da pandemia de covid-19 e excesso de oferta no mercado fazem cair o preço do barril em valores recorde.
Pela primeira vez na história, o petróleo dos EUA (WTI) fechou negativo a US$ 37,63 negativos, queda de 300%, com a mínima em US$ 40,32. Não, você não leu errado, é isso mesmo que ocorreu. Esse é a cotação de fechamento do contrato futuro para maio, que expira amanhã.
O que isso significa na prática?
O preço do petróleo é resultado de milhões de contratos futuros de compra e venda da commodity na bolsa de Nova York. O preço anunciado no fechamento do mercado é do contrato futuro com data de expiração mais próxima, neste caso o de maio. Porém, desde o início da pandemia de coronavírus houve um colapso na demanda, com projeção de queda em abril por volta de 30% do consumo de petróleo de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). A demanda diária de petróleo, antes da crise do coronavírus, era de 100 milhões de barris.
Ao mesmo tempo, os produtores reunidos no cartel da Opep e aliados liderados pela Rússia não renovaram um acordo de corte de produção e iniciaram uma guerra de preços, com Arábia Saudita aumentando sua produção e vendendo a preço abaixo do cotado do mercado para seus clientes na Ásia.
A perspectiva de colapso na demanda e inundação do petróleo no mercado diminuíram o espaço de armazenamento e estocagem da commodity. Com isso, nenhum player gostaria de ter um contrato futuro de maio em suas mãos, o que levou os preços ao território negativo. Na prática, quem liquidar o contrato vai ter que pagar para entregá-lo, em um mercado em que não há compradores. Por isso, os preços chegaram ao terreno negativo, pois nenhum player gostaria de liquidar o contrato e ainda perder dinheiro com ele.
O que acontece normalmente quando um contrato?
Quando um contrato futuro expira, os negociadores devem decidir se aceitam a entrega ou rolam suas posições em um contrato futuro. Normalmente, esse processo é relativamente simples, mas o declínio do contrato de maio reflete preocupações de que muita oferta possa atingir os mercados, especialmente a com produção excedente de países da Opep, como a Arábia Saudita, que decidiram aumentar a produção em março para causar um excesso de petróleo no mundo em meio à queda da demanda.
O espaço de armazenamento disponível está caindo rapidamente no centro de Cushing, Oklahoma, onde ocorre a entrega física de barris de petróleo dos EUA comprados no mercado futuro. Há quatro semanas, o hub de armazenamento estava meio cheio - agora está 69% ocupado, de acordo com dados do Departamento de Energia dos EUA.
"Está claro que Cushing vai encher e ficará cheio pelos próximos meses", disse Andy Lipow, da Lipow Oil Associates. "Como os produtores estão atrasados em seus cortes de produção, estamos vendo uma quantidade esmagadora de petróleo em busca de um lugar para percorrer o mundo".
Os estoques de petróleo em Cushing subiram 9% na semana até 17 de abril, totalizando cerca de 61 milhões de barris, disseram analistas de mercado, citando um relatório da Genscape na segunda-feira.
Além disso, atualmente 160 milhões de barris de petróleo estão sendo armazenados em navios-tanque, informou a Reuters, uma quantidade recorde e acima dos 100 milhões de barris armazenados no mar durante a crise financeira de 2009.
Resta saber se os cortes de produção da Opep e aliados, incluindo a Rússia - no valor de 9,7 milhões de barris por dia - terão efeito a partir de maio, e o que ocorre nesta segunda-feira não aconteça novamente no mês que vem, no encerramento do contrato futuro de junho.
Informações: Investing e Dinheiro Vivo

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