Jurista detalha os próximos passos do processo e diz se Bolsonaro pode ser preso
Juízes da 1ª Turma do STF aceitam denúncia contra Bolsonaro Antonio Augusto/STF |
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), composta pelos juízes Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux, aceitou, nesta terça-feira (26/3), a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano ao patrimônio público e dano ao patrimônio protegido. Com isso, o ex-presidente se torna, oficialmente, réu no processo, por decisão unânime.
A advogada criminalista e mestre em Direito Penal, Jacqueline Valles, explica que o próximo passo é a citação dos réus e detalha que eles terão um prazo de 10 dias para apresentar sua resposta à acusação. O juiz Alexandre de Moraes, como relator do processo, analisará essas respostas e tomará a primeira decisão sozinho. "Nesta fase, o relator tem o poder de rejeitar a denúncia ou até mesmo absolver sumariamente os réus, se considerar que as evidências não sustentam as acusações. Se o relator for convencido pela defesa, o processo se encerra ali. Caso contrário, a fase de instrução prossegue," esclarece a especialista.
Réu pode ser preso?
Próximos passos
Após o voto do relator, se inicia a chamada instrução probatória, durante a qual acontecem os depoimentos das testemunhas e os interrogatórios dos réus. "Embora os réus já tenham sido ouvidos durante a investigação da Polícia Federal, agora serão interrogados perante a Justiça. É um processo meticuloso e potencialmente demorado," adverte Valles.
Finalizada a instrução inicial, as partes podem solicitar a realização de novas diligências, a fim de produzir novas provas. Caso isso ocorra, essas novas provas devem ser analisadas para só então o processo caminhar para a etapa final, que compreende a fase de alegações finais. “As partes terão prazos específicos para apresentar suas alegações finais. A acusação terá 5 dias para apresentar suas alegações finais e, em seguida, a defesa terá mais 5 dias para sua manifestação”, completa Jacqueline.
Julgamento final
A defesa de Bolsonaro poderá interpor embargos de declaração, para corrigir possíveis omissões ou contradições na decisão; recurso de apelação ao Plenário do STF; embargos infringentes ou de nulidade, exclusivos da defesa, em casos de decisões não unânimes ou para apontar vícios processuais, e agravos regimentais ou internos, recursos contra decisões específicas no processo. "Este complexo caminho recursal pode estender o processo por anos. Existem muitas variáveis no processo, por isso não é possível prever quando a possível prisão, em caso de condenação, poderia ocorrer. Independentemente do resultado, este caso será estudado por gerações de juristas e marcará a história da democracia brasileira como a primeira vez em que um ex-presidente foi julgado por atentar contra a democracia”, completa Jacqueline.
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