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quarta-feira, 5 de março de 2025

Cinco blocos em Caicó recebem quase 1 milhão de reais do orçamento público




Enquanto hospitais sucateiam, escolas desabam e saneamento básico continua sendo um luxo para muitos, a lógica econômica do centrão segue inabalável: tirar dinheiro público que poderia beneficiar a sociedade e despejá-lo no bolso de empresários e comerciantes. A última demonstração dessa lógica perversa aconteceu em Caicó, onde cinco blocos de carnaval receberam um total de R$ 873.940,00 do orçamento público.


Os beneficiados? Os blocos Treme-treme (R$ 150.000,00), Canguru (R$ 175.000,00), Pingo do Meio Dia (R$ 226.150,00), Furiosa (R$ 272.790,00) e Ala Ursa (R$ 50.000,00). O destino desse dinheiro? Fortalecer ainda mais um modelo econômico que enriquece os donos de hotéis, bares e restaurantes enquanto a população, que paga a conta, sai do evento sem um centavo no bolso e, muitas vezes, com dívidas e gonorreia.


A lógica econômica do centrão: pobres pagam, ricos lucram


Esse não é um fenômeno isolado, mas um reflexo da política orçamentária imposta pelo centrão e seus aliados: usar recursos públicos como mecanismo de transferência de renda para a elite econômica. No caso dos blocos de Caicó, o governo não apenas financia o evento, mas garante que os maiores beneficiados sejam os empresários que já possuem capital suficiente para lucrar sem depender do dinheiro do contribuinte.


A retórica oficial afirma que o carnaval movimenta a economia local, gera empregos temporários e atrai turistas. Mas a realidade é outra: esse dinheiro poderia ser investido em políticas públicas de longo prazo, em infraestrutura, saúde e educação. O retorno econômico alegado não compensa o custo social da miséria mantida pelo abandono das prioridades essenciais.


Um carnaval financiado pelo desempregado e pelo doente


É preciso entender de onde vem esse dinheiro. Ele sai dos impostos pagos por trabalhadores, microempreendedores, desempregados e até aposentados. Dinheiro que poderia estar alocado para melhorias na saúde pública, no transporte, na assistência social ou no incentivo a pequenos negócios locais.


Ao invés disso, ele é canalizado para uma festa que beneficia poucos e onera muitos. Depois que os turistas vão embora, o que sobra? Uma cidade que retorna à precariedade, com ruas esburacadas, hospitais lotados e escolas sem estrutura. Quem lucrou de verdade? Certamente não foi o trabalhador comum.


A inversão de prioridades e o cinismo político


A destinação de quase um milhão de reais para blocos de carnaval em uma cidade onde a população sofre com problemas estruturais graves não é um erro de gestão, é um projeto de poder. A classe política que orquestra esse tipo de gasto não está preocupada com a coletividade, mas com sua própria perpetuação.


A lógica é simples: sustentar uma elite econômica que, em troca, garante apoio eleitoral. Enquanto isso, os cidadãos são induzidos a pensar que a festa vale qualquer sacrifício, mesmo que o preço seja sua própria miséria no dia seguinte.


O dinheiro público deve ser empregado para fortalecer a base da sociedade, e não para subsidiar lucros privados. Enquanto essa inversão de prioridades continuar, Caicó e tantas outras cidades do Brasil seguirão no mesmo ciclo vicioso: os ricos ficando mais ricos, os pobres mais pobres e os políticos rindo de quem acreditou que tudo isso era uma simples festa popular.

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